Tipo exportação

Santos de casa: novelas que, como Apocalipse, tiveram mais êxito no exterior que em sua ‘tela natal’

Lado e Lado e A Vida da Gente também se deram melhor lá fora

Publicado em 06/09/2019

Santo de casa não faz milagre, afirma o dito popular. Muitas atrações da TV nacional já sofreram o dissabor de não agradarem o próprio público para que foram diretamente concebidas. Mas e quando uma determinada novela, rechaçada por sua audiência-mãe pelos mais diversos motivos, acaba sendo bem melhor acolhida em outros territórios?

É exatamente o que vem acontecendo com Apocalipse, trama bíblica da Record TV, desde sua estreia nos Estados Unidos. Apenas em sua primeira semana, a saga do fim dos tempos impactou quase 700 mil espectadores norte-americanos, tornando-se o programa mais visto do canal hispânico UniMás naquele período. Por lá, a história vai ao ar dublada em espanhol, sob o título traduzido de Apocalipsis.

Tal feito é uma surpresa, já que, cerca de um ano atrás, o grupo Univisión – ao qual a emissora em questão pertence – vetou a exibição de Apocalipse, optando por escalar a novela mexicana Like, La Leyenda, considerada a versão moderna de Rebelde, para sua grade noturna.

Vejamos outros exemplos de novelas que tiveram que ‘migrar’ para o exterior a fim de fazer jus ao êxito que não tiveram aqui.

Joana (Milena Toscano) e Zac (Igor Rickli) de O Rico e Lázaro
Joana Milena Toscano e Zac Igor Rickli de O Rico e Lázaro DivulgaçãoRecord

O Rico e Lázaro

Atualmente em reprise na Record TV, a saga de Joana (Milena Toscano), Asher (Dudu Azevedo) e Zac (Igor Rickli) teve repercussão bastante modesta em sua transmissão original, derrubando de 15 para 10 pontos a média de sua antecessora, A Terra Prometida.

Tal insucesso, no entanto, não desanimou a Univisión – cliente assídua do filão bíblico de Edir Macedo desde Os Dez Mandamentos (2015) – de investir em mais esse título do catálogo tupiniquim. Sábia decisão: O Rico e Lázaro liderou várias vezes o prime time do Tio Sam, a ponto de seu protagonista, Dudu Azevedo, ter viajado ao país para participar de programas locais.

Jesus (Dudu Azevedo) durante a Santa Ceia
Jesus Dudu Azevedo durante a Santa Ceia Divulgação Record TV

Jesus

Como já dizia o próprio Cristo na Bíblia Sagrada, “não há profeta sem honra, senão na sua pátria (…) e na sua casa” (Marcos 6:4). No Brasil, o folhetim bíblico da Record TV teve o mérito de levantar os baixos índices de suas duas antecessoras diretas, Apocalipse e Lia. Mesmo assim, não conseguiu um desempenho além do razoável na audiência nacional, ficando sempre em terceiro lugar e enfrentando sucessivas derrotas para a infantil As Aventuras de Poliana, do SBT.

Nos EUA, porém, a repercussão foi bem maior. A história de Jesus Cristo (Dudu Azevedo) rompeu recordes de sintonia no canal hispânico Univisión, onde foi ao ar no horário nobre, tornando-se inclusive a novela brasileira mais assistida da história da TV norte-americana.

Fernanda Vasconcellos e Marjorie Estiano
Fernanda Vasconcellos e Marjorie Estiano em A Vida da Gente Divulgação TV Globo

A Vida da Gente

Esta trama de 2011, que marcou a estreia de Lícia Manzo como autora de folhetins, foi unanimidade entre a crítica especializada a seu tempo. O mesmo entusiasmo, porém, não se verificou nos números do Ibope, onde a novela amargou baixo desempenho da estreia ao último capítulo.

Uma injustiça que o mercado internacional tratou de corrigir. Reeditada em uma versão mais curta, com 77 capítulos (a exibição original contou com 137), A Vida da Gente foi exportada para mais de 100 países, tornando-se líder de audiência em muitos deles e superando em vendas internacionais êxitos do calibre de Terra Nostra (1998) e O Clone (2001). Nada mal, hein?

Laura (Marjorie Estiano) e Isabel (Camila Pitanga) de Lado a Lado
Laura Marjorie Estiano e Isabel Camila Pitanga de Lado a Lado DivulgaçãoTV Globo

Lado a Lado

Algo similar aconteceu com essa outra novela das seis. Muito elogiada por sua retratação histórica, esta trama-debute de Cláudia Lage e João Ximenes Braga é dona de uma das piores médias de audiência da história da Globo, na faixa em que foi ao ar.

No exterior, porém, a situação foi outra. A saga feminista de Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano) foi exportada para países como Chile, Costa Rica, Moçambique, Croácia, Coreia do Sul e até os Estados Unidos, onde chegou a liderar a sintonia do canal hispânico MundoFox. De quebra, ainda faturou o Emmy Internacional de Melhor Novela em 2013.

Nanda Costa protagonizou Salve Jorge (Divulgação)
Nanda Costa protagonizou Salve Jorge ou La Guerrera nos países hispânicos Divulgação

Salve Jorge

Rejeitada pelo público e espezinhada pela crítica, a história criada por Glória Perez derrubou os índices de Avenida Brasil, sua antecessora no horário nobre da Globo, de 39 para 34 pontos. No exterior, porém, é lembrada com uma das mais assistidas atrações brasileiras da última década, transformando, inclusive, a atriz Nanda Costa na queridinha da mídia de vários países.

A novela infantil mexicana Alegrifes e Rabujos Divulgação SBT

Alegrifes e Rabujos

Se aqui no Brasil são muitos os exemplos de folhetins que deram mais certo lá fora do que aqui, o inverso também já aconteceu. Em 2004, animado com o êxito da novela infantil Amy, a Menina da Mochila Azul, o SBT decidiu dar uma chance a outro título de conteúdo similar do catálogo da Televisa: Alegrifes e Rabujos.

Uma aposta considerada arriscada, uma vez que a história – que misturava bruxas malvadas, histórias de ‘terror’ e fantasmas de efeitos visuais duvidosos – havia sido um retumbante fracasso no próprio México, como também em cada um dos demais países que insistiram em exibi-la.

Mas não é que deu certo? Alegrifes e Rabujos não só segurou, como ainda elevou a média herdada de sua antecessora no canal de Silvio Santos. O êxito da trama importada entre as crianças daqui foi tão interessante que vários brinquedos foram produzidos com base em seus personagens.

Eriberto Leão e Paolla Oliveira estrelaram Insensato Coração Divulgação Globo

Insensato Coração

Esta segunda parceria entre Gilberto Braga e Ricardo Linhares – a primeira fora Paraíso Tropical (2007) – foi ao ar num período de crise de audiência para o horário nobre da Globo. Talvez por isso – e também por alguns pontos de fato problemáticos da obra -, demorou a engrenar no Ibope e terminou com uma média apenas mediana.

Até por conta desse fator, pode-se dizer que a repercussão de Insensato Coração no mercado internacional tenha sido surpreendente, embora não tão fenomenal. Transmitida para mais de 30 países, a obra fez tanto sucesso no Uruguai que acabou tendo seu final transmitido em sessões exclusivas de cinema para os fãs mais ardorosos.

Na Argentina, ela foi escalada para substituir o êxito Avenida Brasil e mostrou-se à altura de segurar o público herdado da história de Nina (Débora Falabella).

Junior e Luz de O Sétimo Guardião
Junior e Luz de O Sétimo Guardião Foto Globo

O Sétimo Guardião

Não é novidade para ninguém que a última trama de Aguinaldo foi um retumbante fracasso por aqui. Em Portugal, porém, sua trajetória foi bem diferente: O Sétimo Guardião bateu recordes na Globo Internacional e chegou a figurar entre as atrações mais vistas da TV paga da ‘terrinha’, superando tramas como Por Amor (1997), O Cravo e a Rosa (2000) e Verão 90.

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