Canais seguem firmes e fortes na TV paga, garantem executivos durante o PayTV Forum

Publicado em 02/08/2019

Para os canais da TV por assinatura em si não existe crise nenhuma. Quem diz é a vice-presidente dos canais Discovery no Brasil, Monica Pimentel. De acordo com ela, que teve carreira na TV aberta antes de ir para a TV por assinatura (canais SBT e Rede TV!), nunca se produziu tanto localmente como nos últimos anos. A Discovery está comemorando 25 anos de presença no Brasil.

“A curadoria de marca é absolutamente importante; não há nada mais importante do que ter relevância para o consumidor para que as pessoas possam te reconhecer”, afirma Mônica, lembrando que enquanto as grandes empresas de mídia estão disputando roteiros de filmes e séries, a Discovery faz opção por conteúdo de histórias reais.

Em 2017, a matriz internacional investiu quase 15 bilhões de dólares na compra da empresa Scripps, adquirindo mais 200 mil horas de acervo, tudo com vistas a ser dona do próprio conteúdo. A Scripps Networks criou os canais HGTV, DIY Network e Great American Country, só para citar alguns.

“A payTV não morreu nem vai morrer no Brasil. Estamos, sim, muito impactados pelo momento econômico. Mas os gêneros de programação, non-scripted (não roteirizados) tiveram mais de 67% de crescimento nos últimos cinco anos. A audiência só está crescendo, mais de 52% desde 2014”, ela celebra.

Experiências humanas

Segundo Monica, o que a programadora de canais (Discovery Channel, Discovery Kids, Home&Health, TLC, Animal Planet, entre outros) tem percebido em seus estudos é que o consumidor está em busca de experiências humanas mais reais para se sentir vivo. Para ela, há um balanço na demanda do consumidor entre ficção e conteúdo non-scripted: “As pessoas procuram os conteúdos de histórias reais para entenderem e se inspirar e se motivam com historias de outras pessoas”, diz.

Entre as tendências, ela diz que o Home & Health se tornou o primeiro canal para mulheres. Um dos sucessos da grade, o programa Irmãos à Obra (um reality de transformação de casa) trará seus protagonistas a São Paulo para um meet & greet – sessão para fãs – e, sinal do grande interesse pela dupla, a Discovery precisou reservar uma casa de eventos para 10 mil pessoas, que serão escolhidas por meio de uma promoção que já superou os 100 mil inscritos. Outro canal que apresenta crescimento do grupo é o TLC, com foco em histórias de pessoas que fogem do comum, com casos de superação que geram empatia da audiência.

Net e Claro TV

Fernando Magalhaes
Fernando Magalhaes Marcelo Kahn

Fernando Magalhães, diretor de Programação da Net/Claro que faz as negociações com os canais para a operadora, afirma que ainda existe espaço para distribuição de novos canais no Brasil. Responsável pela negociação e lançamento de novos canais- na Net/Claro são 230 canais disponíveis atualmente – ele diz haver um paradoxo, que é lançar novos canais sem custo para o assinante, sendo que o cliente reclama que paga por 120 canais mas só assiste a dez.

“Esta percepção não existe no VOD, mas existe com a TV por assinatura”, ele assinala. Magalhães destaca que nos últimos dois anos foram lançados 13 canais (AMC, Smithsonian, Food Network entre eles) e questiona: “Será que isso aumentou ou não a percepção de conteúdo?” Para ele, o problema é que tem de girar a roda e aumentar a percepção de valor para o assinante e isso tem de ser feito por meio de funcionalidades para o assinante ver a oferta de conteúdo como infinita, como o ‘catch-up’, melhorar o sistema de recomendação de programas e usar a ‘replay TV’.

Segundo Magalhães, lançar novos canais no período de crescimento do mercado era mais fácil do que com a estagnação ou queda, porque não há receitas novas. Mas o executivo da Net/Claro lembra o caso do canal de conteúdo brasileiro independente, o Fish TV, dedicado à pesca e que começou como canal de conteúdo VOD no serviço Now.

Diante de tanto interesse que despertou, acabou migrando para ser um canal linear com exibição contínua. No entanto, no passado, houve casos de fracassos de novos canais também. Basta lembrar quando, há alguns anos, diante do sucesso que o gênero fazia com o público jovem, foi lançado pelo grupo HBO um canal de animês, o Animax. Mas sua aceitação foi considerada ‘um fiasco’. O canal depois ainda viraria o Spin e finalmente o Lifetime.

*Por Edianez Parente

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