Chacrinha: em dezembro de 1972, Velho Guerreiro saía da Globo

Publicado em 26/12/2018

Neste ano de 2018, muito se falou a respeito de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que faleceu há 30 anos, em 1988. Na ocasião, seu programa Cassino do Chacrinha fazia grande sucesso nas tardes de sábado da TV Globo. No entanto, esta não foi a primeira vez que o apresentador fez parte do cast global. E sua passagem anterior, entre as décadas de 1960 e 1970, terminou em meio a desentendimentos e tensões. Vamos relembrar os fatos que levaram à saída do comunicador da Globo.

Os antecedentes da ida de Chacrinha para a TV Globo nos anos 1960

José Abelardo Barbosa de Medeiros iniciou sua carreira em Recife como locutor de rádio, em 1935. Na década de 1940, na Rádio Clube de Niterói, criou o programa O Rei Momo na Chacrinha, que logo virou Cassino do Chacrinha. Sua inventividade e desenvoltura faziam os ouvintes pensarem que ele estava num auditório cheio de gente, quando na verdade estava sozinho num pequeno estúdio. Até que estourou também na televisão, em 1957. Apresentou programas nas TVs Tupi, Excelsior e Rio.

Em julho de 1967, Chacrinha estreou na TV Globo dois programas. No dia 5, a Discoteca do Chacrinha e, no dia 9, a Buzina do Chacrinha. Uma quarta-feira e um domingo, respectivamente. Ambos os programas, a saber, eram gravados inicialmente no auditório da sede paulista da emissora. Em São Paulo eles iam ao ar às quintas-feiras (Discoteca) e aos sábados (Buzina), conforme o Projeto Memória Globo.

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A gota d’água para a saída de Chacrinha da Globo

Nos últimos tempos do apresentador na casa, houve diversos atritos. Uma vez era por esta ou aquela atração levada ao auditório do programa, outras em virtude de Chacrinha desrespeitar a tolerância de tempo para encerrar a atração e não atrasar a grade. Além disso, no início de 1972 Boni havia determinado que se deixasse de lado a exploração da desgraça alheia. Embora isso ajudasse na guerra de audiência com o maior concorrente, Flávio Cavalcanti.

A gota d’água foi em 3 de dezembro de 1972, quando o programa dominical, que deveria terminar às 22h, ainda estava no ar às 22h04min e o animador ainda tinha três atrações a exibir. Boni determinou que o término se desse às 22h10min, mas Chacrinha mandou um recado por meio de seu filho Jorge Barbosa: não tinha previsão de término. Em virtude disso, Boni tirou do ar o programa na mesma hora. Foi à sala de Boni aos gritos, e disse que iria embora da casa.

Para ocupar a vaga do programa de Chacrinha aos domingos, a TV Globo escalou provisoriamente o Só o Amor Constrói. Apresentado por Heron Domingues, aproveitava a fórmula “Esta É a Sua Vida”. Em agosto de 1973 estreou o Fantástico, que permanece no ar até hoje. Já às quartas-feiras entrou inicialmente o enlatado Kung Fu, com David Carradine.

Emissoras pelas quais Chacrinha passou entre os anos 1970 e 1980

Ao sair da Globo em 1972, Chacrinha transferiu-se imediatamente para a Rede Tupi. Até na teledramaturgia da casa ele apareceu, na ocasião em que Malu (Maria Isabel de Lizandra) fez as vezes de uma das chacretes, para envergonhar o pai, Virgílio (Cláudio Corrêa e Castro). A novela, a saber, era Mulheres de Areia (1973), de Ivani Ribeiro.

Com toda a certeza, um problema que perseguiu o Velho Guerreiro durante toda sua ausência da Globo, a partir de 1972, foi a restrição orçamentária. Principalmente na passagem que teve pela Record TV, em fins de 1974. E desde o começo ele sabia dessas circunstâncias, diga-se. Após voltar para a Tupi e ficar nela por mais três anos, em 1978 ingressou na TV Bandeirantes.

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A volta de Chacrinha à TV dos Marinho

Foi Dona Florinda Barbosa, esposa de Chacrinha, a grande responsável pela volta do marido à TV Globo, se formos ver. Apesar dos desentendimentos no trabalho, Abelardo e Boni não haviam deixado de ser amigos. E um domingo, num almoço em sua casa, Florinda não se fez de rogada. “E então, quando vocês vão tratar da volta à Globo?”, intimou ela. Boni disse que muito o alegraria que Chacrinha voltasse, no entanto, as condições eram outras. Além da grade não ter vaga nos moldes de dez anos antes, o Fantástico era “imexível” nos domingos à noite. Ofereceu um programa ao vivo de duas horas, nas tardes de sábado, e o Velho Guerreiro aceitou. A estreia do novo ciclo ocorreu em 1982.

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