Retratada na série Assédio se incomoda com exposição: “Uma tragédia que virou sensacionalismo”

Publicado em 01/10/2018

A série Assédio, exclusiva para o Globoplay está dando o que falar. O primeiro motivo é bem claro: ela trata de um assunto polêmico, chocante e que realmente aconteceu na sociedade brasileira.

Inspirada no livro “A clínica: A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih” (editora Record), de Vicente Vilardaga, a produção explora diversos casos de assédio, bem como de estupro cometidos pelo ex-médico Abdelmassih.

Outra razão para a série estar em alta é a repercussão que ela tem causado, sobretudo entre as mulheres que foram vítimas – a saber, muitas retratadas na atração.

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Uma delas, a empresária Cristina Silva, falou ao portal UOL sobre suas impressões logo após ter assistido à série.

“Assisti de sexta a domingo os 10 episódios e veio tudo à tona novamente. Fiquei muito mal no fim de semana. Nem saí de casa, fiquei o dia inteiro na cama. Fui invadida por um baixo-astral”, revelou a ex-paciente e vítima de Abdelmassih.

Segundo ela, não foi uma boa ideia trazer à tona esse tema em forma de entretenimento. “Acho que essa exposição na TV é um motivo de chacota para nós. Ele [Abdelmassih] deve estar rindo da nossa cara, assim como bem retratou o Antonio Caloni (que faz o papel do ex-médico] quando sai rindo. Ele está morando em condomínio de luxo e usando nosso dinheiro. Tenho a sensação de ter nadado e morrido na areia. Uma tragédia que virou sensacionalismo”, desabafa Cristina.

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Além disso, ela se incomodou com um detalhe não abordado na minissérie: a comercialização  de insumos realizada pelo ex-médico dentro da clínica. “Ele obrigava a gente a comprar a medicação lá, além de realizar todos os exames e cobrar o quanto bem entendia”, reclamou.

Cristina se diz ainda mais decepcionada pelo fato do ex-médico estar em prisão domiciliar. Ele foi condenado a 181 anos de prisão por ter estuprado 37 pacientes de sua clínica de fertilização.

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Autora de “Assédio” relata responsabilidade ao retratar histórias

Apesar do relato da vítima Cristina Silva, a autora da série, Maria Camargo, ressalta que houve uma enorme preocupação com a forma que a história dessas mulheres seria exposta na produção para o streaming. Segundo ela, tomou-se cuidado “para que tudo fosse feito com a responsabilidade e a delicadeza que pede”.

“Não teria como ter idealizado essa minissérie se não pensássemos nelas. Até porque, a existência e a atitude delas dentro desse caso foram a razão de eu querer fazer a série. Não teria nenhuma vontade de escrever só sobre o estuprador serial”, pondera a roteirista.

De acordo com Maria, o desejo de falar sobre esse tema surgiu por conta da força das mulheres, que se uniram para denunciar Abdelmassih. “Elas não foram só vítimas, mas tiveram um posicionamento heroico, foram responsáveis pela prisão dele. Foi uma superação da dor de uma forma incrível”, contou ao portal UOL.

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