Há dez anos, estreava a microssérie A Pedra do Reino

Publicado em 12/06/2017

No dia 12 de junho de 2007, a Globo estreava A Pedra do Reino, microssérie em cinco capítulos. Inspirada na obra de Ariano Suassuna, a série era um projeto do diretor Luiz Fernando Carvalho e revelou o ator Irandhir Santos.

A Pedra do Reino foi a primeira aposta do Projeto Quadrante, proposto pelo diretor Luiz Fernando Carvalho. A ideia era realizar quatro séries adaptadas de obras da literatura brasileira, cada uma de uma região diferente do Brasil, filmando in loco e utilizando mão de obra local. Os livros escolhidos para as adaptações eram A Pedra do Reino, Dom Casmurro, Dois Irmãos e Dançar Tango em Porto Alegre.

E assim foi feito com a produção de A Pedra do Reino, cuja adaptação foi escrita pelo próprio Carvalho, em parceria com Luis Alberto de Abreu e Bráulio Tavares. As filmagens foram realizadas na cidade de Taperoá, na Paraíba, onde Suassuna passou sua infância. E a produção contou com a participação de artistas da região, coordenados pelo artista plástico Raimundo Rodriguez, responsável pela produção de arte. A trilha foi composta por Antônio Madureira (Quinteto Armorial) e Marco Antônio Guimarães (Uakti). A transposição para TV apresentou características exploradas pelo Movimento Armorial, movimento cultural-artístico fundado por Ariano Suassuna para promover a ligação da arte de formação técnica erudita com base em tradições da cultura popular nacional.

O elenco também era local. Luiz Fernando Carvalho fez uma extensa pesquisa na região, em busca de talentos por todo o sertão nordestino. A Pedra do Reino, portanto, foi a estreia em rede nacional dos atores Irandhir Santos, que vivia o protagonista Dom Pedro Diniz Quaderna, e também Mayana Neiva, como Heliana/Dona Caetana, e a cantora Renata Rosas, como Maria Safira.

A história é narrada por Pedro Diniz Ferreira Quaderna, em três momentos. No primeiro, ele está preso durante o período do Estado Novo (1937-1945), em Taperoá, na Paraíba, e começa a escrever sua história, a partir das memórias de seus ancestrais. No segundo, aparece como um velho palhaço que conta seu passado num teatro improvisado no centro do vilarejo. Por fim, enfrenta o juiz corregedor que investiga a morte de seu padrinho, dom Pedro Sebastião Garcia-Barreto.

Com uma fotografia primorosa e uma direção de arte acima da média, A Pedra do Reino promoveu um verdadeiro espetáculo visual ao espectador. Entretanto, a narrativa segmentada e excessivamente literária fez da obra algo de difícil compreensão. Com isso, a crítica considerou A Pedra do Reino uma obra hermética e pouco acessível ao grande público. A audiência também não foi boa: a série mantinha a Globo em terceiro lugar no Ibope, atrás da Record, que exibia a novela Vidas Opostas e o reality show O Aprendiz, e do SBT, que exibia filmes.

Mesmo com o desempenho fraco na audiência, A Pedra do Reino agregou prestígio à Rede Globo, e foi muito elogiada por intelectuais, e até pelo autor Ariano Suassuna. A minissérie também recebeu, em 2008, o prêmio de Melhor Direção de Fotografia, oferecido pela Associação Brasileira de Cinematografia (ABC).

Luiz Fernando Carvalho seguiu adiante com seu Projeto Quadrante e, no final do ano seguinte, foi ao ar a microssérie Capitu, baseada em Dom Casmurro, de Machado de Assis. Assim como A Pedra do Reino, Capitu também foi rodada e protagonizada por atores da região do autor homenageado, ou seja, o Rio de Janeiro, e teve Letícia Persiles e Maria Fernanda Cândido no papel-título. Capitu teve uma recepção melhor do que A Pedra do Reino, mas isso não impediu a direção da Globo de interromper o Projeto Quadrante. O diretor só conseguiria realizar a minissérie sobre Dois Irmãos, de Milton Hatoum, anos depois, em 2015 (a exibição foi no início deste ano). E nunca mais se falou sobre a adaptação de Dançar Tango em Porto Alegre, de Sergio Faraco.

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Veja algumas das belas imagens da microssérie A Pedra do Reino:

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