Bom Sucesso

Grazi Massafera se despede de Bom Sucesso, e conta: “Paloma me fez entrar em contato novamente com minha essência”

Atriz falou sobre experiências na trama

Publicado em 15/01/2020

Grazi Massafera está se preparando para dar adeus a Paloma, sua protagonista em Bom Sucesso. A trama chega ao seu fim definitivo no próximo dia 24 de janeiro, chegando a figurar como uma das maiores audiências no horário das sete da Globo.

A atriz conversou com o Observatório da Televisão durante um evento ocorrido na Globo na última terça-feira (14), e fez um balanço sobre a trama, e o amor que adquiriu pela profissão. Segundo Grazi, esse é o seu trabalho mais difícil, mais até que Verdades Secretas, quando viveu a viciada em crack, Larissa. Confira o bate papo completo com a atriz.

A novela está no fim. Você já está ficando com saudade?

Já! Engraçado que estou até me recusando a ler os últimos capítulos. Falo que não está dando tempo, mas é mentira. Eu sei que acaba, tem um fim, mas foi um trabalho muito bom.

Você aprendeu muito com essa novela?

Trabalhei por três eu acho, mas hoje posso dizer que é uma das melhores coisas que já fiz. Todo mundo me pergunta sobre Verdades Secretas, mas Bom Sucesso foi mais difícil. A Larissa eu tinha mais tempo para estudar, e menos dias de gravação, então eu ia mais segura. Aqui é mais corrido, e por mais que ela seja uma mulher simples, do cotidiano, fazer o simples também é difícil. Os bastidores são muito legais, de muito aprendizado, de muita troca, foi muito prazeroso. Nunca havia trabalhado com crianças tão talentosas e que querem estar ali, não os pais querendo colocá-las ali. Isso faz uma diferença imensa de ter essas crianças tão disponíveis.

Você fez uma mãezona na trama. A sua experiência como mãe ajudou?

Eu nunca fui mãe de adolescente, mas me inspirei muito na minha mãe, nas minhas amigas, e pessoas que encontrei na rua… Gente, essa personagem está em todo canto do Brasil. Tem Paloma por todos os lados. Foi muita sorte e muito especial eu estar preparada no momento que essa personagem veio para mim. Quase que não peguei por querer ficar mais com a Sophia.

A sua filha assiste à novela?

Foi o primeiro papel que deixei ela ver com mais frequência, que ela acompanhou de verdade. Ela é apaixonada pela novela, assim como os amiguinhos dela. Ela tinha prazer, falava ‘mãe, vai trabalhar, fica tranquila’, e foi um ano muito especial. O Cauã (Reymond) ajudou demais, e ela teve muita maturidade. Nos momentos que eu estava em casa, eu estava junto com ela, que se alfabetizou lindamente, num momento que eu estava falando sobre literatura na TV junto com um grupo que ama fazer isso, como Fagundes. A gente conseguindo catar o público que não lê, então foi muito especial e até emblemático passar por esse momento da novela com minha filha se alfabetizando, falar sobre leitura, e me inspirar para ler mais.

O que você vai fazer após a novela?

Férias! Vou grudar na minha pequena! Já estou organizando pacotes de férias para aproveitar o máximo que eu puder, ficar um pouco quietinha e me alimentar de coisas novas. Viajar é tão gostoso por vários motivos. É tão bom viajar quando a gente tem condição para isso. Eu não sabia, achava que tinha que só trabalhar, trabalhar, trabalhar, aí chegou um momento que vi o quanto é especial se dedicar e investir nisso.

Você sai com a sensação de dever cumprido?

Sim. Eu saio com a sensação de dever cumprido e feliz demais com o resultado. Acho que todo mundo aproveitou e fez lindamente seus personagens, e por isso a novela se tornou tão especial além de um texto brilhante e conteúdos estimulantes. É gostoso trabalhar na coletividade, no carinho no amor. Esse trabalho foi no amor e eu rendo muito mais assim.

Você falou anteriormente que se inspirou na sua mãe para compor essa personagem. Agora no final, como ela se sente com isso?

Orgulhosa.

O que a Paloma te ensinou?

Acho que a Paloma me fez entrar em contato novamente com minha essência, que é a simplicidade, das relações das coisas. Acho que voltei a essa minha essência. Acho que ela me reconectou.

Como foi para você falar sobre a morte?

Falar sobre morte é falar sobre vida. Li um livro chamado A Morte é Um Dia Que Vale a Pena Viver, já falei disso e acho que ele ressignificou muitas cosias que eu pensava em relação à morte. Quando eu estava para começar uma novela, eu dizia ‘vou ficar sem vida até tal mês’, e isso não é ficar sem vida. É viver o melhor que você puder nesse curto espaço de tempo, então acho que isso eu fiz agora. Quando eu começava de mimimi, eu mesma lembrava de alguns pontos do livro e falava ‘caramba, rebobina’. Estou tentando por toda a vida me conectar com o que é importante.

Você ainda não é mãe de adolescente, mas acha que ser mãe da Sophia, ajudou a levar algo seu para a personagem?

Claro porque tem o pequeno (Peter) também, e minha filha tem 7 anos, mas parece que tem 10. Ela é muito madura. A gente conversa desde que ela era muito pequena. Eu sempre falei com ela, onde vou, quando volto, e esta foi uma dica de uma amiga, porque isso deixa a criança segura. Funcionou muito, e eu tentava botar um pouco disso nas crianças da novela.

Em Verdades Secretas você mostrou que estudou e as pessoas perceberam seu talento, mas em Bom Sucesso, o povão mesmo teve a oportunidade de ver que você não está brincando em jogo…

Eu aprendi aos olhos do público. Em qualquer outra profissão se aprende de outra forma, como ir para a faculdade, e aos poucos conquistando espaço, mas eu fui jogada aos leões. Falam ‘vai’, e eu ‘tá bom, vou fazer’, e venho atingindo maturidade e me apaixonando. Fiz o caminho inverso, eu não era atriz, não ligava para ser atriz, queria dinheiro, queria sustentar minha filha, minha família, e hoje sou apaixonada. Na minha casa não existia o diálogo sobre muitos assuntos, meu pai era pedreiro, minha mãe costureira, e eles não eram de diálogos, eram um pouco ignorantes no sentido de falar e demonstrar. Faltava vocabulário, e a novela servia de diálogo, até mesmo silenciosos. De repente sentava todo mundo para assistir à novela, surgia um tema, a gente passava a se comunicar sobre aquilo, e às vezes a gente só se olhava, o que já era um tipo de diálogo. Geralmente as famílias se sentam à mesa na hora do jantar e conversam sobre seu dia, eu faço isso hoje com minha filha, mas antes, eu usava a novela como forma de diálogo. É ótimo saber que hoje, posso servir de diálogo para as pessoas dentro de uma casa, entrar um pouquinho no sentimento delas, e isso na profissão é precioso. Por isso cada vez mais tenho mais responsabilidade pelo tipo de interpretação que quero fazer. Às vezes uma cena parece dura no texto, e tento colocar humanidade. E aí trabalho com uma pessoa como a Fabíola Nascimento, de quem sou fã, Babaioff, Fagundes, que não derruba uma lágrima e faz a gente se emocionar horrores, e entendo que estou tendo a possibilidade de aprender com os melhores.

Você antes não aceitava elogios, e agora?

Hoje eu aprendi a aceitar o elogio porque acho que entendi o tamanho que ocupo, nem maior, nem menor. Eu tinha vergonha de elogio.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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