“Frequentemente pessoas questionam a sexualidade dele”, conta Theodoro Cochrane sobre seu personagem em O Sétimo Guardião

Publicado em 18/10/2018

De volta as novelas da TV Globo após quatro anos, Theodoro Cochrane está no elenco de O Sétimo Guardião. Essa será sua primeira novela de Aguinaldo Silva. O ator que é filho da atriz e apresentadora Marília Gabriela, será Adamastor Crawford.

O rapaz é uma espécie de braço direito de Ondina, dona do cabaré/pousada de Serro Azul. Segundo Theodoro, o seu personagem vive uma série de conflitos em relação a sua orientação sexual e ao preconceito que sofre por ser um homem elegante. Confira:

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Como é o seu olhar sobre essa novela?

“O meu olhar para essa novela é de muita admiração. Aguinaldo Silva é um dos grandes autores da dramaturgia brasileira. Teremos uma volta ao realismo fantástico após vinte anos, desde A Indomada e teremos também personagens sendo revisitados. Como ator é maravilhoso você estar participando de uma novela que celebra o Brasil, celebra esse autor e faz uma crítica de uma maneira mais onírica e mágica em momentos tão delicados que estamos vivendo”.

Personagem

O que você está achando do personagem?

“O Adamastor Crawford, meu personagem, é o braço direito da Ondina (Ana Beatriz Nogueira), a dona do cabaré/pousada da cidade. Durante o dia a gente comanda a pousada, mas a noite vira o cabaré. Onde temos as nossas colegas rameiras, que dançam com a gente. Ele veio de Greenville, é filho de ingleses puro sangue. Ele adora o cinema clássico, é fã da Bette Davis e da Joan Crawford, é daí que surge o nome dele. O Adamastor se veste de uma maneira “cinema no ar”, muito brilho, muita renda, veludo e tecidos nobres. É um cara que sempre está impecável, sempre com uma vaidade muito grande. Ele tem um certo mistério e você não sabe se esse mistério é realmente do personagem ou se é do universo que ele admira e logo depois tenta replicar na vida dele”.

Você como artista, está curtindo o figurino?

“Eu estou amando. Eu sou figurinista também. Enquanto eu fazia faculdade de teatro a noite, de manhã eu fazia faculdade de desenho industrial. E aí me pediram para aproveitar que estava fazendo desenho industrial, para fazer figurinos. Até hoje já fiz 40 figurinos e uns 30 cenários. Mas, eu gosto muito dessa parte do trabalho e principalmente para a televisão, conta muito como você aparece para as pessoas em um único frame, bem como em uma única fotografia. Assim também, como me olhar no espelho antes de entrar em cena é super encorajador e me dá muito prazer em fazer”.

Romance

O Adamastor vai se apaixonar por alguém?

“É uma cidade pequena e ele sofre muito bullying por ele ser um homem muito elegante. Frequentemente pessoas questionam a sexualidade dele, mas ele não leva desaforo para casa. Eu acho que ele vai se apaixonar sim, mas a princípio eu tenho a sensação de que ele já é apaixonado por um dos personagens, porém eu acho que não posso falar. Ele sofre um pouco com isso, para se aceitar do jeito que é, se é gay ou não é. Enfim, se ele é apaixonado por um bad boy da cidade, que é extremamente homofóbico.

A gente sempre fala que quando as pessoas têm um embate muito grande, no fundo tem uma atração. Ele briga muito com as pessoas, em especial com o bad boy da cidade. Que é o personagem do José Loreto. Entre um capítulo e outro eles saem quase na porrada. Mas nunca se sabe se afinal eles vão se bater ou se vão dar um beijo na boca”.

Você está curtindo contracenar com o José Loreto?

“Eu estou curtindo muito. Primeiramente eu não conhecia o Loreto, ele é uma doce criatura. Tem sido divertidíssimo contracenar com ele. A gente tem muita cena física e poderia cair para o humor. A gente faz coisas engraçadas, temos muita vontade de rir. Eu acho que a melhor coisa é essa, você estar em cena e ter vontade de rir, de tão leve que é tudo. São cenas muito grandiosas”.

Conflitos

Esse conflito dele ser ou não ser gay, agora que isso está tão forte e temos também os casos de homofobia. Esse papel pode servir para levantar uma bandeira?

“Nós estamos num momento muito delicado para abordar certos assuntos. Mas antes de mais nada, a sensação que temos é que vamos voltar, regredir alguns passos que a gente lutou durante tantos anos para serem aceitos. Ao mesmo tempo, eu acho que é uma bandeira importante que o personagem levanta contra a homofobia. O personagem da diversidade sexual no horário das nove, definitivamente sempre atrai uma atenção para essa discussão que já é mais do que antiga. Mas infelizmente ainda é muito presente na nossa vida. A gente tem candidatos que defendem certas opiniões polêmicas, porém eu sou e acho que o personagem é, o defensor do amor, da aceitação e da liberdade de expressão. Eu acho muito importante estar levantando essa bandeira, bem como tantas outras bandeiras que essa novela vai levantar.”

Essa é a sua primeira novela do Aguinaldo e ele gosta muito da sua mãe. Ele que trouxe a Marília Gabriela para a teledramaturgia. Como é isso para você?

“O Aguinaldo é muito amigo da minha mãe. Primeiramente, ele que trouxe ela para a teledramaturgia, em Senhora do Destino. Essa é a minha primeira novela dele e está sendo maravilhoso. É um baita de um presente, um personagem incrível. É o meu primeiro personagem fixo em uma novela das nove. O Aguinaldo está sendo um cara incrível para mim e eu só tenho a agradecer esse elenco. Os diretores, nossos operadores de câmera, todos os envolvidos, é todo mundo muito maravilhoso”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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