Ana Beatriz Nogueira sobre O Sétimo Guardião: “A gente está contando uma história que tem um tom de realismo fantástico e ao mesmo tempo falando de coisas muito importantes”

Publicado em 08/10/2018

A próxima novela das 21h, O Sétimo Guardião ainda nem começou, mas o elenco já entrou da cabeça em seus personagens. É o caso de Ana Beatriz Nogueira. Na história de Aguinaldo Silva, ela interpreta Ondina. Figura conhecida na cidade de Serro Azul, ela é uma das guardiãs da fonte milagrosa do local. Dona de uma pousada, ela ainda é a cafetina que gere um bordel durante a noite. Em conversa com o Observatório da Televisão, ela falou sobre a personagem, como lida com a fama, e sobre a alegria de interpretar um texto de Aguinaldo, a quem considera um mestre. Confira:

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A sua personagem, Ondina é dona da pousada Paraíso da Ondina, que funciona como pousada durante o dia, mas à noite nos fundos dessa pousada, existe uma passagem que dá para um bordel. É isso?

“Isso. De dia todos trabalham na pousada, são assalariados com carteira assinada. À noite não tem carteira de trabalho assinada, e se entra pelos fundos, ou pela passagem secreta. São os mesmos funcionários. As meninas que trabalham à noite são as mesmas que têm todos os direitos trabalhistas de dia (risos). Aguinaldo é demais”.

Realismo Fantástico de Aguinaldo Silva

Como é fazer parte desse universo do realismo fantástico?

“Diferente e mágico. Acho que tudo o que o Aguinaldo faz, como todo grande autor, como todo mestre. é especialmente diferente. E especialmente bom. A gente está contando uma história que tem um tom de realismo fantástico e ao mesmo tempo falando de coisas muito importantes, mas tudo isso com magia, leveza. Temos um elenco espetacular, e um texto do Aguinaldo que acho que é o que todo ator e atriz querem na vida. É um dos nossos grandes mestres, então a novela ser dele é o suficiente para você assisti-la”.

Vamos começar a falar do seu visual para a trama, porque vi que você mudou seu cabelo…

“O meu cabelo permanece o mesmo. Em cena estou usando uma peruca, que é essa que estou com ela agora. E ela está até bem-feita, porque enganei você (risos). O público vai ver logo nas chamadas o motivo de a minha personagem uma hora estar com o cabelo de uma cor, e outra hora estar com o cabelo de outra cor. Confesso que eu, Ana Beatriz, adoraria isso na minha vida, ter vários cabelos. Sair cada dia de um jeito, e claro, que não desse trabalho”.

Ana Beatriz Nogueira fala sobre sua personagem em O Sétimo Guardião

Como é a personagem?

Ela é mulher da noite, e está sempre montada de alguma maneira no sentido clown da coisa. Ela precisa estar sempre simpática, recebendo as pessoas. É aposentada, mas não sabemos o que está por trás daquilo, como o palhaço no circo. Ela tem que estar bem, faz parte da profissão dela estar sempre bem. Ondina tem várias faces. Ela é uma cafetina, tem as meninas dela, que a chamam de mamãe. Ela cuida dessas meninas, ao mesmo tempo é absolutamente assertiva. Dá bronca quando necessário porque quer que elas sejam profissionais. Com orgulho e sem preconceitos”.

Ela é um dos sete guardiões?

“Ela é. Isso é interessante porque cada guardião tem uma profissão, vem de um lugar, e ali eles têm um único propósito. São pessoas absolutamente diferentes que se reúnem e se unem em torno de um propósito comum a todos que é maior do que tudo, que é guardar a fonte”.

Ela é bem-humorada?

“Eu acho que ela tem que ser, até profissionalmente para ter um lucro melhor. Eu gosto de humor de situação, não de tirada. Gosto quando a situação propicia ter humor, mas às vezes ele não cabe. E claro quando esse humor acontece naturalmente também. Acho que humor e drama são uma linha muito tênue, e às vezes só acontece na hora. Ondina não é propriamente uma personagem engraçada de jeito nenhum. Todo mundo pode ter humor, seja na novela, cinema, teatro, seja o personagem vilão, maluco… Tem pessoas que são unidas pelo humor e não têm nada a ver uma com a outra. Eu acho que quem tem humor está melhor na vida”.

Gravações

Como vai ser o clima do dia a dia do bordel?

“A gente não gravou nada ainda. Gravei com elas ontem pela primeira vez. Lemos um pouquinho na preparação, mas estou prevendo que vai ser muito animado porque as atrizes são demais”.

Ela continua trabalhando como prostituta?

“Ela já não atende mais, só em alguns casos. Quando o caso está difícil, ela vai resolver, porque aí vem a experiência, não tem a ver com a barriga tanquinho. Toda a experiência de vida adquirida com os anos conta muito”.

Quanto tempo você teve de preparação entre a Malhação e O Sétimo Guardião?

“Eu fui presa em Malhação, e estou lá esperando sair da prisão (risos). Fui presa lá e vim para cá”.

Você emenda muitos trabalhos, não é?

Graças a Deus. Ainda faço teatro, dirijo show, costuro… Mas quando não estou fazendo nenhuma dessas coisas, estou resguardada lá em casa. Sou muito caseira. A parte mais difícil da profissão para mim é essa coisa social. Não é muito meu perfil ir por exemplo em estreias de peças, prefiro ir num dia de apresentação normal. Sempre fico muito agradecida, faço entrevistas para divulgar meu trabalho, mas tenho dificuldade, e isso é um defeito meu, em lidar com essa parte mais glamourosa, digamos assim. Me sinto zero celebridade. Eu sou atriz e ponto”.

Feedback do público

Como você recebe essa fama e esse feedback do público?

“É uma troca muito boa. Primeiro são fã-clubes, que como eu não tinha rede social, eu não conhecia. Eu criei no ano passado um Instagram, e algumas pessoas com muita paciência me ensinaram como usar. Eu sou muito analógica e muito resistente a essa coisa virtual. Acabei gostando do Instagram, e é uma maneira de comunicar ao público, para onde estamos indo com a peça, e também para trocar um carinho com as pessoas. Esses fã-clubes são tão carinhosos comigo, fazem tantas coisas lindas, e eu fico comovida. Como não ficar? Sou uma mulher que vem de teatro, e no teatro é um trabalho corpo a corpo. A gente conquista um a um.

A televisão você faz para milhões, o teatro é um trabalho de formiguinha. Mas se a pessoa gosta, ela vai sempre te assistir em suas peças. Acabou que o público de TV tem ido muito ao teatro, e tem um abordagens diferentes. Sempre queridas, delicadas, escrevem cartas porque sabem que não sou a rainha da internet, e eu leio. Leio todas”.

Quem são as atrizes que contracenam com você no bordel de O Sétimo Guardião?

“É uma moçada maravilhosa. São muitos nomes. A Carol Duarte, Lyv Ziese, Josie Pessoa, Mila Carmo. Tem também o Theodoro Cochrane que faz Adamastor, que é o braço direito de Ondina”.

Enredos

Cada uma das meninas do bordel tem sua história?

Vão ter. Vou te dizer. Não tem nenhum personagem mais ou menos nessa novela. Do maior ao menor, não tem nenhum personagem ruim. Todos são bons”.

Você saiu de Malhação, que falava da corrupção e histórias mais voltadas para o realismo cotidiano. Como é para você ir para esse universo mágico de O Sétimo Guardião?

“É a Disney (risos)”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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