Lázaro Ramos sobre reviver personagem Priscila em Mister Brau: “Assisti vídeos na internet para lembrar como era”

Publicado em 24/04/2018

O todo poderoso Mister Brau retorna à TV nesta terça-feira (24). Só que dessa vez, o cantor não está com a bola toda. A estrela da temporada é sua esposa Michele Brau (Tais Araújo). E convencido do jeito que é, claro, que o personagem do ator Lázaro Ramos não vai gostar nem um pouco dessa situação.

Em conversa com o Observatório da Televisão, Lázaro revelou como Brau vai reagir ao perceber que caiu no esquecimento do público e que Michele se tornou uma grande cantora internacional. O ator também falou sobre a responsabilidade de criar uma harmonia entre o humor e temas sociais, como o empoderamento feminino – ponto de partida da nova temporada.

Desafiado a reviver a personagem Priscila, de Sexo Frágil, Lázaro ainda confessou: “Eu cheguei no set pela primeira vez, coloquei a peruca, a roupa e falei: ‘esqueci!’. Daí eu pedi um tempinho e assisti os vídeos na internet para lembrar como era”. Confira o bate papo completo:

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Como foi viajar para Angola? O que você sentiu chegando lá?

Foi muito emocionante a nossa ida para Angola. A gente já falava muito sobre a Angola através da presença do Yuri da Cunha, que estava na trilha sonora do programa, através dos tecidos que a gente trazia de lá para fazer as roupas dos personagens e através do público de lá que sempre demonstrou muito carinho com a gente pelas redes sociais. Então, a gente resolveu fazer um episódio em homenagem. Essa homenagem acabou sendo um grande presente para todos nós. Eu já tinha ido a Angola outras vezes, mas dessa vez eu tive oportunidade de rodar por outros lugares que eu não tinha ido. Então, foi muito bacana poder mostrar para o Brasil uma Angola que nem sempre chega aqui. A gente pôde mostrar desde a Baía de Angola até o Museu da Escravatura, ruas que nem sempre estão presentes nas imagens que chegam aqui no Brasil. Isso foi muito lindo! A emoção maior sempre é o encontro com as pessoas que são muito afetuosas com a gente, que em cada lugar que a gente chegava para gravar recebiam a gente com grande alegria e carinho. A relação com os artistas angolanos foi linda. A gente fez um show de encerramento do episódio onde apareceram 16 cantores e cantoras de Angola, que fizeram o encerramento do episódio com a gente. Isso é um presente inesquecível.

Como você encara a importância de trazer para a TV aberta um programa humorístico que aborda temas como preconceito, racismo e o empoderamento feminino?

A ideia é essa mesmo, utilizar o humor como artifício para falar sobre assuntos da pauta atual do Brasil. Tanto é que todos os anos quando a equipe de diretor e roteirista se reúne diz assim: “o que o Brasil está falando agora? ”. A desse ano, por exemplo, além do empoderamento feminino, que é uma pauta muito atual e relevante, tem uma concepção de que a gente está num momento de refazer contratos: contratos afetivos, contratos identitários. A busca foi toda por fazer isso e em cada episódio fala um pouquinho desses assuntos. Então, a gente se sente como se fosse uma vitória porque estamos conseguindo levar essa discussão, incluir outras pessoas nessa reflexão, pessoas que às vezes não pensavam sobre isso e com humor. Acho que o Brau é um projeto vitorioso e fazendo um elogio à série, acho que isso explica um pouco porque a série é tão querida. Uma série que a gente pensou fazer apenas uma temporada e o público disse: “essa série está falando comigo. Eu quero ver mais isso na televisão”.

Todo o elenco se vê envolvido nesses debates sociais, né?

Cada personagem acaba que fala um pouco de um tema. O George, a Fernanda Freitas, o Marcelo e a Claudinha Missura ficam um pouco nesse assunto da corrupção, em guerra de classes. A gente (Brau e Michele) tem o assunto do preconceito e também tem a questão feminina, e era um caminho natural porque a Michele já estava ascendendo naturalmente. A fama dela na outra temporada já era muito presente. A gente foi louco de um jeito tão grande que o Mister Brau chegou a ter episódio que dizia que o rendimento mensal dele era R$ 14 milhões. Depois daí você vai para onde com o personagem? Vamos caminhar ao inverso, volta para baixo porque não tem mais para onde subir, se fica tão milionário não vai ter nem mais assunto (risos). O personagem do Kiko também tem uma coisa que a gente fala que gostamos de juntar a série, colocar o humor e trazer também a emoção. Esse personagem do Kiko, o Gomes, sempre foi uma incógnita, esse homem tão solitário. Então, ele fala um pouco sobre a solidão, sobre buscar uma pessoa com quem se identificar e, ao mesmo tempo, como criar uma relação afetiva entre pessoas de mundos tão diferentes.

A representatividade negra é nítida no elenco de Mister Brau. Como é essa questão nos bastidores? A equipe também é bem diversificada?

O Brau a cada ano foi ampliando esse pensamento também nos bastidores, não só na frente da tela. Hoje a gente conta com três roteiristas negros, 4 mulheres autoras e Jorge e Dino, dois homens brancos. E isso foi um processo que foi muito conversado também para ver uma equipe diversa como potência, para a gente não ficar somente no discurso, mas colocar essa diversidade também na criação. Eu acho que o Brau é uma experiência que comprova a tese de que a diversidade é potência. Não é apenas um trabalho de reparação social, é com reconhecer talentos e dar oportunidade para as várias vozes serem escutadas num processo de criação dentro do nosso oficio.

E como é ter a responsabilidade de se renovar a cada temporada?

Eu acho que, na verdade, tem muita coisa que a gente gostaria de falar. Às vezes, o desafio é escolher o que eliminar. Esse ano são oito episódios, mas isso é um campo ainda tão novo que pode explorar tanta coisa que, às vezes, o desafio é abrir mão de algum assunto. É o inverso. Acho que falar sobre esses assuntos é sempre bem-vindo e é um campo de possibilidades criativas que a gente está só no começo.

A Michele volta nessa temporada como a grande estrela. Como está a rotina da Taís Araújo?

Nesses três meses, ela se ocupa da série com mais tempo. A dedicação que ela tem para fazer as coreografias é uma coisa absurda, ela se enche mais de trabalho do que naturalmente é pedido. Todos os dias ela faz aula de dança, vai ensaiar coreografias, vai para o estúdio, grava uma música, fica insatisfeita, volta e regrava. Ela tem muita dedicação.

E como foi saber que os angolanos fizeram maratona para divulgar o Mister Brau?

Pois é, eu nem sabia disso. Eu nem sabia que isso era possível, tirar um dia inteiro da semana para exibir só episódios do Mister Brau. Isso demonstra a relação que a gente tem, da qual a gente é muito grato.

Explica para a gente essa história de que todo o elenco vai aparecer cantando nessa temporada.

A gente vai ter um episódio especial esse ano, que a gente já estava tentando fazer desde a primeira temporada. É um episódio absolutamente musical. Todos os atores, que tem talento musical também e estavam escondidinhos, vão aparecer cantando e dançando.

Tinha um talento especial escondido no elenco que surpreendeu a equipe?

Na verdade, o que mais me impressiona é o George Sauma, porque o George é um talento para sapateado, dança, multi-instrumentista e cantor, e fica na série fazendo um advogado. Vai ser bom porque a gente vai poder mostrar o talento dele.

De onde veio a ideia de reviver a personagem Priscila, do Sexo Frágil?

Essa ideia não foi minha porque eu sabia o trabalho que isso ia dar, eu tinha noção total. Isso foi porque eu participei do roteiro desse ano por três meses, aí eu tive que sair para fazer o ‘Lazinho’ e, de repente, no dia do meu aniversário, eu acho que estava bêbado inclusive, Jorge Furtado me ligou e disse: “tenho um presente para você. Você vai fazer a Priscila também no Brau”. Eu bêbado ri e falei: “maravilhoso! ”. No dia seguinte, eu acordei de ressaca e falei: “me lasquei! ” (risos). O pior é que eu achava que seria um episódio só, mas são em três. Eu estou fazendo essa brincadeira toda para falar que, na verdade, eu adorei. Eu gosto muito da Priscila, foi o meu começo aqui na Globo, primeiro trabalho que eu fiz de maior duração. As pessoas sempre falam com muito carinho da Priscila, e foi bom retornar ela, inclusive, para entender como fazer a Priscila nos dias de hoje, qual era o assunto que ela ia trazer e como ela ia se comportar. Tive um pouco de dificuldade porque eu esqueci como fazia. Aí eu cheguei no set pela primeira vez, coloquei a peruca, a roupa e falei: “esqueci! ”. Daí eu pedi um tempinho e assisti os vídeos na internet para lembrar como era. Eu já estou com saudade de novo, além do mais porque eu tive a oportunidade de ver a Priscila numa outra situação, que é contracenando com o Gomes, um personagem que a gente sempre teve muita curiosidade de saber mais dele.

Você sente saudade de fazer novela?

Eu gosto muito de fazer novela, mas o Brau tem me dado a possibilidade de estar presente em outras atividades, mesmo na Globo. Fazer o Brau, que tem um tempo limitado, possibilitou ter feito ‘Lazinho’, o trabalho com o ‘Criança Esperança’. Eu sou uma pessoa muito inquieta, a novela, às vezes, impede isso. Mas quando voltar para as novelas, farei com a mesma alegria de sempre.

Quais são os projetos para depois de Mister Brau?

Depois de Mister Brau eu vou lançar o meu novo livro infantil, na verdade é isso. Ano passado, eu tive uma grande alegria de lançar o ‘Na Minha Pele’ que é o meu primeiro livro adulto e que até hoje continua sendo bem lido, bem vendido. Eu recebo ainda depoimentos emocionados que muito me alegra, e agora eu vou lançar em maio um livro infantil novo, chamado ‘Caderno sem Rimas da Maria’.

O livro já está editado?

Já está editadinho e em maio vai estar nas livrarias.

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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