Lázaro Ramos analisa carinho do público por Mister Brau: “É um tipo de entretenimento que as pessoas querem”

Publicado em 12/02/2018

A nova programação da Globo estreia em abril e com ela, novas temporadas de programas já conhecidos do público. Entre eles Mister Brau, série que entra em seu quarto ano com algumas novidades, sobretudo em relação à vida do casal Michele (Tais Araújo) e Brau (Lázaro Ramos). Diante de alguns dilemas, Brau perderá parte de sua identidade musical e fama, e verá a esposa ascender como grande estrela no mundo do entretenimento. Lázaro Ramos conversou com nossa reportagem e contou detalhes sobre a nova trajetória de Brau, seu flerte com a música sertaneja, e sobre a entrada de Priscila na série, personagem que ele interpretou no extinto programa Sexo Frágil.

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Você esperava que Mister Brau fosse ter tantas temporadas?

“Eu falava que teria outros, mas não tinha tanta certeza. Estamos chegando na quarta (temporada), e é sempre um desafio, porque o público já espera algumas coisas da gente, mas ao mesmo tempo, a gente tem que inovar, surpreender. Estamos aqui de novo tentando levar alegria para as pessoas.”

Você é um cara que está sempre em cena, viajando com peça de teatro, no cinema. Como é a reação do público com você em relação ao Mister Brau

“Eu dei sorte em fazer alguns personagens que tinham apelo popular, como o Foguinho, Ó Paí Ó. Só que o Mister Brau é impressionante! As pessoas têm muito carinho, sempre pedem, quando sai do ar, perguntam quando vai voltar, as pessoas dão sugestões de histórias para a gente. É muito bacana quando você tem uma relação muito direta com as pessoas. Eu acho que as pessoas já ficam esperando o momento do ano, que vai ter essa família, que deixa as terças um pouco mais leve.”

Recentemente, foi ao ar o programa Lazinho com Você, onde você entrevistava as pessoas. Como foi a experiência? Você se viu em alguns momentos no papel do entrevistado?

“As pessoas faziam perguntas do Brau, mandavam recado para a Taís (risos). Eu gravando e as pessoas mandavam um beijo para a Taís, então eu respondia: ‘está bom! Mas isso não pode entrar no programa’. O programa já saiu do ar, e até hoje as pessoas mandam sugestões. Isso é legal! São programas que se ligam no sentido de querer dar voz as pessoas. O Brau dá muita voz assim, é um tipo de sentimento, é um tipo de entretenimento que as pessoas querem, é um tipo de família. Já o Lazinho é, literalmente, dando o microfone para as pessoas contarem as suas histórias.”

O que você pode falar dessa nova temporada de Mister Brau?

“Essa seria a temporada que eu ia descansar, porque já sabíamos que ia ter o Lazinho, que eu estaria gravando e que ia acabar muito em cima. A proposta era levar a história para um lugar natural que era o protagonismo da Michele como cantora. Ela que passou as três temporadas, veio deixando de ser dançarina, na última já tinha sido cantora e nessa estoura mundialmente, e o Brau fracassa. As pessoas não lembram dele, não sabem quem ele é, ele fica todo mordido. Era a temporada para eu descansar, só que aconteceu uma coisa: os meus companheiros de roteiro inventaram de me convidar para fazer outro personagem. Então, nessa temporada que eu iria descansar, eu estou trabalhando mais ainda, porque faço dois personagens. Essa é uma das novidades da série, que é a Priscila.”

Quem é a Priscila?

“É um personagem que eu fazia no Sexo Frágil, em 2001, eu acho, e ela volta fazendo parte do elenco. Está muito legal, porque algumas pessoas entraram nessa família e são muito bem-vindas. Tem a Priscila, a Cacau Protásio, que é um amor, é uma alegria ter ela, tem a Lellezinha também, que é supertalentosa e ótima atriz. Sem falar do que acontece com os outros personagens.”

No meio desse esquecido, o Brau vai conseguir dar a volta por cima?

“Ah… será que vai dar a volta por cima? Será que vai mudar de profissão? Será que vai arranjar outro casamento? O que será que vai acontecer? Essa é um pouco a história, o arco dessa temporada: a ascensão da Michele e o fracasso do Brau.”

O Brau vai flertar com a música sertaneja? É isso mesmo?

“Tem uma hora que ele não consegue compor mais nenhuma música, daí, ele resolve tentar outros estilos musicais, e está sendo uma coisa muito divertida. Em cada show dele é sempre em um lugar bem ruinzinho e ele tentando ser um outro tipo de artista. Claro que tudo vai dando errado!”

A Priscila é uma personagem apresentada ao público em uma outra produção. Quem vai ser essa mulher entre os ‘Brau’?

“Vou dizer uma coisa: Priscila é par romântico de um dos personagens, não posso dizer qual, e também é cantora.”

Ela vai contracenar com o Brau?

“Contracena… (risos). Vou gravar uma cena que só vai ter eu e ela.”

Você é um ator com grande experiência e que coleciona êxitos nos trabalhos que realiza. Como é dar vida a um personagem que vai passar pelo declínio artístico, esquecido pela mídia?

“Eu achei maravilhoso, porque a tendência quando se faz uma coisa por muito tempo, acaba que se repetem as situações. E o Brau estava sempre naquela coisa do sucesso, de ser meio bobão às vezes, de ser muito criativo. Esse ano foi bom, porque ele me trouxe outro desafio, que é trabalhar esse personagem, que tinha tanta autoestima, tanto sucesso, andando de outro jeito. Foi bom nas cenas pensar como eu ia fazer esse personagem, que é tão bem na pele do famoso, se colocar na pele de um anônimo novamente. Foi um desafio legal!”

Como você consegue administrar o seu tempo?

“Não estando sozinho. Eu trabalho muito, mas é muito importante falar que graças a Deus, eu tenho muitos parceiros queridos e competentes que estão comigo em todos os projetos. Isso foi um aprendizado de vida, porque antes era difícil, porque eu tenho tendência a ser centralizador. Como eu aprendi a deixar nas mãos das pessoas, a encontrar bons parceiros, agora fica tudo mais fácil. Eu, na verdade, não sou só eu, eu sou uma galera que está aqui, que me acolhe e me deixa muito feliz.”

Recentemente, você publicou em uma rede social que a peça ‘O Topo da Montanha’, esteve no Imperator, no bairro do Méier (Rio de Janeiro). Como foi encenar esse grande sucesso em um local tão popular?

“Para mim, foi uma vitória, eu acho lindo. Tem duas coisas que eu achava lindo: primeiro fazer lá no Imperator, porque é um teatro feito para quem gosta de teatro, bom de todos os lugares, da plateia, palco e bastidor. E tem o ingresso morador. Você vê as pessoas na fila com conta de água, luz e telefone dizendo: ‘sou morador do Méier, tenho esse benefício aqui e vim assistir o espetáculo’. Isso é lindo! Isso é raro, inclusive. Foi uma temporada linda, e eu achei, inclusive, pequena, por mim, faria mais tempo lá.”

E a Tais Araújo cresceu no Méier, né?

“Tais é moradora do Méier, pois é. E todo fim de espetáculo ela dizia: ‘quem é do Méier não bobeia’. É isso.”

Contrastando com o discurso de Martin Luther King, atualmente estamos vivendo uma grande onda de violência. Como você analisa essa situação? 

“Eu sei que é um período muito triste que a gente está vivendo. Ninguém está seguro, seja lá aonde for na cidade. Em alguns lugares às vezes a gente dá mais atenção, e noticia mais, mas a cidade está contaminada por essa violência. É algo que já é mais do que urgente da gente começar a trabalhar. Eu tive a oportunidade de narrar o documentário do jornal O Globo, sobre os dados de violência no Brasil, que é muito interessante, tem alguns dados que eu não conhecia. Eram dados muito chocantes, dados que deixam a gente muito tocado, e agora o que a gente faz a partir daí? Essa é a minha pergunta também. Claro que eu penso muito naquilo, que deve ser cobrado do Estado, como a gente deve tratar a nossa polícia, se relacionar com a nossa polícia, como a gente deve se relacionar com os desassistidos, mas eu também penso o quanto eu posso fazer parte da violência que a gente vive todos os dias. São coisas que eu fico pensando, nós meus atos cotidianos: em algum momento eu estimulo? Em algum momento eu sou violento? O que eu também tenho que fazer? É um tipo de coisa que a gente precisa conclamar a todos para ajudar, acabar e se sentir parte também.”

Voltando para a série, nesta temporada vai ter o resgate do Brau às suas origens. Como surgiu essa ideia?

“Em toda temporada, eu estou na equipe do roteiro, e a gente fica sempre tentando renovar. A gente pensou: ‘o que ainda não foi mostrado do Mister Brau?’; Justamente a origem dele, que é inclusive o começo da série. No começo da série, era ele em Madureira, era a ascensão, só que lá nos primórdios, a gente decidiu começar ele já famoso. Então, a gente foi lá resgatar o que não foi mostrado na primeira temporada, e trouxemos para agora, que é a origem dele em Madureira, as pessoas que ele conhece, o universo criativo dele. Posso dizer? Foi muito legal!”

Estamos sabendo que vocês vão à África. Como está a expectativa?

“Ansiosíssimo! O Brau sempre se relacionou com a cultura africana. Seja esteticamente, seja naquilo que canta e naquilo que fala. E nada melhor do que encerrar uma temporada, indo lá na África, que também é origem do Brau. Eu acho que essa temporada é sobre origem, tanto da origem em Madureira. quanto a origem inspiracional desses personagens. Vai ser pauleira, porque serão quatro dias intensos, muitas cenas para fazer. Vamos encontrar vários artistas da música popular angolana. Vamos circular por Luanda. Estou ansioso! Espero que dê tempo de beber alguma coisa (risos).”

Como você se sente em estar na frente da TV representando um povo que se identifica com seus lábios grossos, com os seus traços?

“Fico muito feliz. Eu acho importantíssimo. Aquela frase que tem sido tanto dita não é à toa, representatividade importa sim! Fico feliz também por saber que hoje em dia não sou uma pessoa isolada que representa isso. Fico tão feliz quando vou na internet e vejo youtubers, uma classe com uma galera que está aí se posicionando, falando, mostrando a sua cara, seus pensamentos, seus valores estéticos. Isso é um movimento que eu acho muito saudável para a nossa sociedade e que não parte só de mim, é um desejo de todos nós, e tantas coisas bonitas têm aparecido.”

O seu livro ‘Na Minha Pele’, conquistou um grupo muito jovem de leitores. Futuramente, você pensa em escrever histórias voltadas para o público juvenil?

“Em abril eu lanço um novo e infantil. Em 2016, teve o ‘Caderno de Rimas do João’, e agora em abril, eu lanço o ‘Caderno Sem Rimas da Maria’, que vai ter uma coisa muito legal. A gente vai fazer o lançamento um pouco diferente, não vai ser de autógrafos. Mas depois eu falo para vocês…”

Já ficamos sabendo que vai ter um episódio em que a Michele ficará desestabilizada ao ver uma família durante um show no Canadá. Na vida real, você sente que a mulher tem esse peso de manter o laço familiar e a rotina do trabalho? Vocês dividem as tarefas em casa?

“Lá em casa pesa muito para nós dois. Quando a gente programa uma viagem sozinhos, geralmente, reduzimos o tempo para voltar e ficar com as crianças. A gente é muito apegado. Nosso lazer fora trabalho, é com as crianças. A gente programa coisas de casal mais tarde, mas quando tem tempo diurno no horário em que eles estão acordados, a programação é ficar com eles. E não é por peso, é por prazer. Às vezes a gente fala isso e parece que o filho é um fardo, trabalho, mas pelo contrário. É tão prazeroso estar com eles, construindo coisas com eles, brincando com eles, que eu não queria responder isso como se fosse uma tarefa. Não tarefa não, é prazer e que os dois compartilham.”

Você foi homenageado pela escola de samba Império Ricardense, no Carnaval 2018 do Rio de Janeiro. Ficou emocionado ao ver seu nome em um samba enredo?

“Eu achei fo**! (risos). Primeiro eu não queria aceitar, porque eu pensei: ‘uma pessoa com 39 anos de idade, ser enredo?’. Depois eu conheci a escola, achei importante valorizar o Grupo D, também porque é um nascedouro do samba, tem uma empolgação. Então, eu fui, depois chegou sete sambas com o meu nome, e tive que escolher um, minha história de vida ali. É muito emocionante! Mas, eu como eu sou baiano, e conheço pouco do carnaval carioca, apesar de morar aqui há 17 anos, conheço pouco do dia a dia da escola de samba, fiquei muito emocionado com a dedicação das pessoas. Ir visitar a escola, ver o barracão, ver as pessoas criando é muito legal. No primeiro ensaio que eu fui lá, era tão emocionante, e um pouco constrangedor, ver eles querendo me mostrar ali que estavam preparando e que era valiosíssimo. Eu fiquei constrangidíssimo porque falei assim: ‘meu Deus, é um espetáculo todo em torno de uma história de vida. Eu tenho que fazer valer. Tenho que valorizar e estar junto’. Foi tudo lindo.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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