Tainá Medina, que interpreta personagem com câncer em Rock Story, relembra luta do pai contra a doença na vida real

Publicado em 11/01/2017

Interpretar a paciente de câncer terminal Joana, de Rock Story, fez com que Tainá Medina, 22, fosse capaz de entender melhor tudo o que viveu com seu pai, alguns anos atrás, quando ele teve a doença.

A atriz, que encara seu primeiro papel na televisão, revela que utilizou bastante a sua experiência pessoal ao lado do pai para construir a personagem.

“Conversamos sobre os efeitos dos tratamentos, que ele não me mostrava na época em que teve a doença. Alguns, dependendo do câncer, são extremamente agressivos ao corpo e geralmente os efeitos deles são piores do que o do câncer em si”.

No folhetim, o namorado de Joana, Caio (Luan Vieira), também luta contra a doença. Eles se encontram em estado remissivo até que o câncer de Caio volta e ele começa a fazer quimioterapia novamente.

Confira o bate-papo:

Qual é o tipo de câncer que a Joana tem?

Ela teve um câncer no osso da perna. Quando a novela começa, a Joana está remissiva. Isso significa que o câncer dela está sob controle e que respondeu bem ao último tratamento.

A história de Joana e Caio é parecida com o enredo do livro “A Culpa é das Estrelas”. Você leu o livro? Se inspirou nele?

Antes de participar da novela eu já tinha visto o filme A Culpa é das Estrelas. Sempre tive um interesse em filmes que abordassem esse universo do final da vida. Não cheguei a ler o livro, mas revi o filme depois de saber que iria fazer a Joana. Eu acho que ela tem mais a ver com o jovem Augustos do que com sua namorada Hazel. Tem outros filmes que me ajudaram muito a criar a Joana, que eu indico bastante, como Me, Earl & the Diyng Girl, Inquietos e Doce Novembro.

O ritmo acelerado de gravações e o imediatismo da televisão foram um desafio para você, já que é a sua primeira novela? Como organiza sua rotina?

Com certeza. Eu tinha trabalhado em cinema antes e o ritmo era bem diferente, tanto das gravações como durante as cenas. Mas tem sido incrível trabalhar em cima dessa diferença, que me faz aprender muito como atriz a ser mais disponível e poder responder mais rápido à direção, o que requer uma preparação prévia e uma propriedade sobre a história contada.

Eu não costumo gravar num ritmo muito frenético, como alguns dos meus companheiros de novela, então tenho bastante tempo para andar com meus projetos pessoais e pesquisas como artista. Estou na direção artística de uma peça que vai estrear neste primeiro semestre chamada Fogo Frio, interpretada pela Yasmin Gomlesvky. Estou também codirigindo o filme Afeto: Cidade Substantivo Feminino, que será rodado agora em janeiro. Também participo do grupo de teatro “Teatro de Afeto”. Quero também voltar à faculdade, que tranquei por conta dos trabalhos em que estava envolvida.

Como foi resgatar, junto com seu pai, detalhes sobre a época em que ele teve câncer?

Interpretar a Joana tem me ajudado muito a entender tudo o que vivi com meu pai na época. Lembro que demorou até cair a ficha que ele estava mal. Fui chorar meses depois, quando ele foi internado.

Quando fui conversar com ele sobre isso, lembro que voltei a sentir toda a sensação de efemeridade da vida e uma tristeza… Mas senti também uma admiração muito grande pela força dele. Ele não chegou a parar de trabalhar quando teve câncer e sempre se mostrou forte para nos poupar. Ele me contou sobre alguns procedimentos pelos quais passou, até para que eu soubesse pelos quais a Joana teria passado durante um tratamento, e o que mais me marcou foi um em que injetavam uma medicação intravenosa vermelha que ele via as veias ficando vermelhas. Depois, quando ia ao banheiro ou expelia líquidos, eles também eram vermelhos. Ele contou muito também sobre a falta de fome, o que deixa grande parte das pessoas muito fracas durante o tratamento. E isso é um risco porque o corpo precisa estar forte para receber as medicações. Ele disse que por conta disso se obrigava a comer mais do que o necessário, apesar das náuseas, e se chegasse a vomitar o que tinha comido, comia outra coisa logo em seguida, para não ficar com o organismo vazio.

Eu admiro muito o meu pai e também a minha mãe, que segurou junto com ele essa situação toda.

Você costuma fazer algum ritual de imersão na personagem antes de gravar?

Por enquanto não. Tenho algumas preparações pessoais, como abertura de canais e chakras antes de sair de casa, além das minhas atividades diárias de trabalho como atriz. Mas, quando a cena é muito pesada, se tenho um companheiro de cena, costumo olhar antes nos olhos dele por algum tempo para reestabelecer a nossa conexão ou, quando estou sozinha, tento me acalmar internamente. Estou tentando durante as gravações da novela não fazer nenhuma imersão que me impossibilite de estar disponível para eventuais mudanças ou necessidades técnicas, pois o ritmo é muito rápido.

Como está sendo o retorno do público em relação à Joana?

Recebo feedbacks bem positivos. As pessoas acham ela muito fofa e gostam quando tenho cenas com o Luan [Vieira]. Dizem que somos um casal com química. Acho que a Joana ainda vai surpreender o público, com relação à sua personalidade.

O drama principal de Joana na novela é o câncer, mas em algum momento ela vai vivenciar outros dilemas na novela, como por exemplo um triângulo amoroso?

Por enquanto eu ainda não sei quais são os outros dramas pelos quais a Joana vai passar. Vamos ter que esperar para ver o que acontece! Mas com certeza ainda tem muita coisa para acontecer em Rock Story!

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