Renata Maranhão comenta sobre vida fora da TV como empresária e relembra depressão: “Estava muito doente”

Publicado em 04/01/2017

Jornalista, apresentadora, ex-modelo e empresária. Renata Maranhão ficou por dez anos na Rede TV! (2003-2013) onde apresentou jornais e programas especiais. O auge de sua carreira foi ancorar o Leitura Dinâmica, um jornal com formato e linguagem completamente diferentes do que os canais produzem no Brasil. Graças ao sucesso da atração, o Jornal da Globo passou a apostar em uma apresentadora que circula pelo cenário – na época Christiane Pelajo, e ainda conquistou um público mais jovem por conta das pautas de música, cinema e games.

Em entrevista exclusiva ao Observatório da Televisão, Renata conta curiosidades do começo da carreira como modelo e atriz  – ela fez parte da Oficina de Atores da Globo – e  durante o período de maior repercussão do Leitura Dinâmica, Renata sofreu de síndrome do pânico e depressão: “Desses dez anos de TV, cinco deles eu estava muito doente, com síndrome do pânico e depressão. De cama mesmo. Me levantava apenas para ir trabalhar. O curioso é que foi o auge do Leitura Dinâmica. O auge dos comentários positivos em sites, revistas e jornais, época de muitos prêmios… Então todo esse feedback que eu tive da carreira de modelo e Oficina da Globo foi essencial para eu conseguir fazer um trabalho bem feito durante esse período”, revela a jornalista que hoje é dona de uma agência de comunicação.

Confira entrevista: 

O Leitura Dinâmica se tornou uma referência por conta da linguagem, recursos técnicos e pautas ligadas ao público jovem. Como foi participar de um projeto tão inovador que lhe rendeu prêmios como melhor telejornal pelo Troféu Imprensa e ainda pautou o Jornal da Globo?

Foi extremamente gratificante fazer parte do Leitura Dinâmica por dez anos, um jornal que não é só parte da história da emissora, mas também da história da TV como um todo, sendo pioneiro no jornal sem bancada, servindo de modelo para as outras emissoras – além da Rede TV! ter sido a primeira em HD, a primeira em 3D, etc. O momento mais especial de ter feito parte desta história foi quando me vi no mesmo vídeo que os maiores jornalistas do país, os maiores comunicadores, os maiores atores e atrizes, no lançamento do sinal digital no Brasil em 2007, com a presença de todas as emissoras, ministros e presidente do Brasil.

E o público quando te vê em eventos lembra do seu jeito descolado à frente do jornal?

É engraçado, pois quando me vêem, sinto a expectativa das pessoas com “aquela pessoa” descolada e falante, mas na verdade sou tímida e reservada. (risos)

Renata começou a carreira como modelo ReproduçãoDivulgaçãoRede TV

Foram dez anos na Rede TV! e passagens também pela MTV, Manchete e portais de internet. O quanto a TV agregou em sua vida profissional? Quais conselhos daria para o pessoal que tem vontade de seguir na área?

A TV é uma coisa que faz parte da minha vida desde os 15 anos, por conta dos comerciais publicitários. O caminho foi natural e faz de mim a profissional que sou hoje, com gosto não só à frente das câmeras, como também por trás, seja fotografando, filmando, escrevendo… Na verdade a TV me fez uma profissional completa e, com as novas tecnologias e suas mudanças constantes, sou uma eterna aprendiz, o que é sempre instigante e motivador.

Conselhos? Para quem quer uma profissão em que se apareça na TV (apresentador(a)/ator/atriz), aconselho aprofundamento em conteúdo, história, cultura, estudo. E o que a grande maioria não se preocupa (atenção, eu disse “maioria”, e não “todos”) é com o aperfeiçoamento da voz. Afinal, quem fala na TV é um profissional da voz. Um bom trabalho com uma fono com experiência com o meio de televisão (por suas características especiais), afinação, pronúncia das palavras, achar o tom e musicalidade certos para cada um, amenização de sotaque (o meu era paulistanérrimo, suavizado com muito trabalho, risos), além de alinhamento dos lábios e do maxilar, na hora da fala. Quando se trabalha na TV, assisti-la não deixa de ser um momento de análise e o que vejo de maxilares cerrados ao falar, bocas tortas e sotaques carregados, acho impressionantes. Caretice? Old School? Pode ser. Mas são detalhes que realmente me roubam a atenção – e não de maneira positiva.

A Oficina de atores da Globo também teve vez na sua trajetória. O desejo de ser atriz logo passou?

Na verdade, nunca quis ser atriz. Por fazer muitos comerciais de TV na época, acabei chamando a atenção de quem cuidava do casting para a Oficina da Globo, fui chamada para fazer o teste e pensei: “Tantas pessoas sonham com essa oportunidade e o negócio ‘caiu no colo’. Vai que é o meu destino”… risos. Abracei a oportunidade e foi uma turma muito bacana, que acabou fazendo carreira na TV: Marcelo Medici, Regiane Alves, Carolina Kasting, Cynthia Benini, Rodrigo Faro… O Dan Stulbach chegou a nos dar aula, olha isso! Foi um grande aprendizado. Mas como disse antes, nunca quis ser atriz. A Oficina valeu para reforçar o meu desejo de ser jornalista e apresentadora. Cheguei até a “brincar” um pouco e fiz participação no primeiro capítulo da novela “As Filhas da Mãe”, contracenando com Reynaldo Gianecchini, que também já conhecia da época de modelo.

A carreira de modelo tem um prazo, mas as brasileiras, em especial, conseguem se destacar além das passarelas e vão pra TV, revistas e outros. O quanto a carreira de modelo lhe ajudou no mundo do entretenimento?

Me ajudou demais! Especialmente no Leitura Dinâmica, que era um jornal feito de pé e, muitas vezes, andando. Saber andar, saber parar, saber mudar de câmera, tudo da maneira mais natural possível e tranquila, sem parecer posando. Uma outra coisa que nunca cheguei a comentar é que desses dez anos de TV, cinco deles eu estava muito doente, com síndrome do pânico e depressão. De cama mesmo. Me levantava apenas para ir trabalhar. O curioso é que foi o auge do Leitura Dinâmica. O auge dos comentários positivos em sites, revistas e jornais, época de muitos prêmios… Então todo esse feedback que eu tive da carreira de modelo e Oficina da Globo foi essencial para eu conseguir fazer um trabalho bem feito durante esse período.

Atualmente, você é dona de uma agência de comunicação. É importante saber administrar bem a carreira e ser diversificado no mercado de comunicação?

Ser diversificado já era importante há alguns anos. Hoje é essencial. Sempre escrevi em revistas, o que acabou sendo muito importante na agência pelo timing de pautas e necessidades de uma publicação. Trabalhar em TV então, foi a escola que escola nenhuma ensina, além do foco no que é importante, no que serve como notícia – o que me permite transformar meus clientes em conteúdos relevantes para serem publicados ou veiculados em algum lugar. É preciso saber como é o mercado de comunicação, como funciona, datas, horários, deadlines e estar atento a todas as inovações tecnológicas. Esta última, não só no mercado de comunicação. Todo profissional tem que ser multi-tasked ou será descartado do mercado de trabalho. Hoje quem diz “Ah, não entendo desse negócio de computador” está prestes a ser excluído de tudo, não importa quantas faculdades tenha. Estamos na Era Digital. Não é futuro. Ela já chegou e é revolucionária.

Você também escreve para a revista de bordo da Avianca. O que o público pode encontrar por lá?

Escrevi para a revista de bordo da Avianca por dois anos. Agora a Drops Editora, que cuidava da publicação, retomou uma revista hype deles chamada DropsMag e toda turma que estava na Avianca foi para lá. Uma coisa que sempre procuro quando escrevo para uma revista é liberdade. Portanto, escrevo sobre tudo o que eu gosto e me importo. Conservacionismo, tecnologia, viagens, saúde, comportamento… E misturo os temas, como tecnologias que transformam lixo encontrado no oceano em roupas, internet das coisas, os aplicativos que são de grande ajuda em viagens, mundo corporativo que testa o espírito de equipe inventando brinquedos/passatempos para os animais em cativeiro. Até a “história do pum” já escrevi, que chegou a ser vetado pela primeira revista, mas foi publicado na segunda, (risos). Ou seja, pode-se esperar de tudo em meus textos. O que procuro é que sejam leves e interessantes.

Tem vontade de ter um canal no Youtube?

Nenhuma. Não tenho nem tempo pra isso. Toda minha parte comunicativa vai para meus textos de revistas e clientes. Até tenho o canal da empresa, mas uso apenas como portfólio.

O que passa na sua TV?

Além de jornais, eventualmente algum programa de entrevista se estiver zapeando, passa muita série, série, série, série. Série americana é a minha “novela”.

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