Ivete Sangalo fala do The Voice Kids e revela desejo de voltar a atuar: “É uma paixão”

Publicado em 08/12/2016

Em entrevista, Ivete Sangalo fala um pouco da segunda temporada do programa The Voice Kids, que estreia em janeiro de 2017.

Atualmente, a cantora está no ar como SuperTécnica na versão adulta do reality show, The Voice Brasil.

Confira o papo:

Tem arrependimento de algo que fez durante a atração passada?

“Não. A não espontaneidade sobre as emoções é um negócio perigoso. Eu tenho isso como experiência própria. Às vezes, você cria uma expectativa – vou fazer isso ou aquilo – e o melhor é não pensar sobre isso. É como entrar em um show, você já pensa: vou para a direita, para a esquerda, vou dizer tal frase. Isso não é bom porque tira a espontaneidade. E a gente está tratando de música, dos encontros, dos sonhos deles e dos nossos sonhos. É como Brown falou: ‘isso aqui transforma as nossas vidas de todas as maneiras’. Então, a minha análise é: ‘foi muito bom! Porque foi honesto, foi verdadeiro, foi espontâneo, especialmente pelo fato de ser com crianças’. Mas, esse deve ser um comportamento que se estende a todos os setores das nossas vidas. Mas, com criança, quando eu estou ali, ouvindo na cadeira, eu sempre tento perceber os talentos na prática, mas também as milhões de coisas que envolvem a vida dessa criança. E o que eu posso construir naquele segundo, que eu possa dar àquela criança a ideia de que participar é importante. Não é só vencer. Estar aqui, para eles, é um começo, um pontapé, o início de um sonho. Então, eu não me arrependo de absolutamente nada. Tudo o que assisto foi com o coração cheio de amor, de respeito a eles.”

E a dificuldade em virar a cadeira para os pequenos?

“A coisa mais difícil é o timbre. E as coisas já começam assim: eu ouço algo que me agrada e pronto: ‘vou ter que virar!’ E aí, eu fico: ‘viro ou não viro’. E penso: ‘valei-me, que tem mais um bocado!’ É esse discernimento – porque eles tocam a gente – que é a parte mais difícil. Se eu pudesse, virava para todos, do mesmo jeito que sei que vocês, em casa, torcem para isso também. Se vocês se filmarem, vão ver que ficam torcendo o tempo todo. Mas é aquilo que eu falei: ‘existe X números de cadeiras, existe um programa’. Nem vou falar em competição, mas ali existe um desafio para eles e para nós. E nós temos que ir tentando organizar as emoções, ali, naquele segundo de virar a cadeira. Às vezes, a gente não vira e, quando vira, se depara com aquelas coisas lindas. É uma loucura.”

Envolvimento com os pequenos após a primeira fase

“Eu conheço todos! Todos têm o meu telefone e me mandam mensagens o dia inteiro, pedindo tudo e falando tudo. A gente se apega, conhece pai, mãe, sabe o nome da escola, é uma delícia! E, de alguma maneira, a gente vai ali também, compartilhando com eles tudo. Somos mentores da vida dessas crianças de alguma maneira, né? A gente já faz parte da vidinha deles. Isso nos emociona, nos tira também um pouco do discernimento de quem escolher naquela apresentação. Em contrapartida, o convívio fortalece a nossa crença. A gente diz a eles, o tempo inteiro, o que a gente acredita, o que a gente fala, o que a gente faz. Então, eles estão preparados para uma opinião que vem do seu técnico. Não é o inesperado. Existe uma coerência, a gente tem com eles um relacionamento, já existe uma compreensão, já vira uma família. Os sins e os nãos já são compreendidos de uma maneira mais natural. Isso é dito para eles. Eu converso muito com o meu time. E eles foram maravilhosos. Não existe uma queixa, não existe um lamento. Em todo final de programa, eles vão para o meu camarim – os que passaram e os que não passaram – a gente conversa sobre tudo. E eu digo sempre que são etapas, e que todo mundo vai viver a sensação de sair. E essa experiência, de alguma maneira, vai permear a vida de todos, inclusive a nossa, de ter que virar, de ter que fazer uma escolha.”

Na sua carreira, você teve algum momento em que já se sentiu julgada?

“Não! Eu sou de uma geração que experimentou pouco esse universo da opinião de um coletivo tão avassalador. As redes sociais hoje, são algo a que todas as crianças têm acesso. Eu, quando era criança, tinha a opinião dos meus amigos da rua e do clube. Não tinha isso. Então, eu cresci dentro de um ambiente familiar onde a minha autoestima foi alimentada de uma maneira muito equilibrada. Eu acho que, independente de uma geração para outra, acho que a estrutura da família é importantíssima. É como eu falei: a família como uma base de amor. Toda forma de família! Se há amor, tem família. Se dentro dessa família há um adulto interessado em que essa criança seja um adulto interessante, que tenha uma vida interessante, é preciso escutar, é preciso respeitar, é preciso dizer: ‘você é maravilhoso no que você faz, mas você precisa prestar mais atenção nisso’. Brinque: ‘você é criança, não precisa saber disso…’. É papo de adulto. Agora é o seu momento! Isso constrói dentro da criança uma força para que, quando ela for fazer algo que seja relevante, aquilo primeiramente seja verdadeiro e importante pra ela. Quando eu subo para cantar, aquilo é muito importante pra mim. A minha intenção é tão essa que, em nenhum momento, eu me sinto julgada. Aquele momento é desejado por todos que estão ali. Essa sensação nunca me passou pela cabeça. Só que estou arrasando, que o povo arrasa (risos), o que é uma delícia. Porque não é uma matemática, é emoção. É entrega! E acho que isso tem muito a ver com a família. Mas, não é só para eles. É para mim como cantora, para vocês como jornalistas, enfim, para tudo.”

Gostou de ficar loura?

“Você gostou? Essa é a pergunta, amor! Eu já estou curtindo, mas quero saber se vocês curtiram. Isso é mais importante.”

Tem projeto de voltar a atuar?

“Ah! Vou falar uma coisa para vocês, isso aí é uma paixão, sabia? É um negócio! Mas, é uma paixão que vem do lado da outra, né? Eu canto, não conseguiria viver sem cantar. Então, eu penso assim: ‘vou tirar umas férias, estudar e continuar fazendo’. É uma coisa que eu gosto demais. Em algum momento, você vai se surpreender.”

André RomanoENTREVISTA REALIZADA PELO JORNALISTA ANDRÉ ROMANO

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