“Nunca pensei em ser bonitão”, assume Cauã Reymond sobre papel na minissérie Justiça, que foge do estereótipo galã

Publicado em 02/08/2016

Cauã Reymond, o Maurício da nova minissérie da Globo, Justiça, está empolgado com o personagem, que foge dos tipos que ele já interpretou em sua carreira: um contador, mais velho, já grisalho, que usa roupas largas e não exibe o corpo.

Mas nem por isso o ator deixou de cuidar da boa forma, apesar de, modesto, ele não se achar bonito. “Eu continuo na academia. Nunca pensei em ser bonitão. Eu sempre penso na saúde. Eu acho muito legal isso.”

Mesmo sendo um dos atores mais bonitos da atualidade, admirado e com uma legião de fãs, Cauã Reymond não se considera um galã e muito menos se prende a esse rótulo. “Nunca me senti assim. Fiz personagens tão interessantes nos últimos anos. Dentro da tevê e fora dela… Não vejo o meu oficio preso a isso. É um fator que agrega.”

Sobre o drama de seu personagem, que mesmo apaixonado pela esposa Beatriz (Marjorie Estiano), autoriza a eutanásia, após ela sofrer um grave acidente. Ele conta que a história é emocionante e faz refletir sobre a vida. “Dia desses, eu fui para casa, pensando e me colocando no lugar dele. Eu acho tão difícil o que ele enfrenta. Eu acho que a maior dificuldade do personagem, é não ter mais a pessoa que você mais ama na vida”, conta o ator.

Confira na íntegra a entrevista com Cauã Reymond:

Pode falar um pouco desse trabalho pra gente?

“Eu estou muito orgulhoso desse trabalho. É sério! Sei que a gente fala isso. Parece um pouco clichê. Mas, acho que é um trabalho que eu estou fazendo um personagem que foge do meu biótipo. Logo depois da novela ‘A Regra do Jogo’, eu estava muito cansado. Mas, esse convite aconteceu na hora certa. Seria quase como uma reciclagem para mim. Porque a novela é tão cansativa. E, eu estava muito empolgado de fazer um personagem (Maurício) que é um contador, que usa roupas largas, eu já tenho um pouco de cabelo branco, mas a produção os deixa mais brancos ainda. Acho que me dar uma envelhecida. Que pra mim como ator enriquece o meu trabalho. E, o meu personagem trabalha encima de um fator que é importante e é um assunto muito delicado que é a eutanásia. Isso realmente me chamou atenção. De poder falar sobre esse assunto. Eu já vivenciei um pouco essa situação com meu avô no hospital. Vivendo através de aparelhos e tal. É claro que eu sou a favor da lei. Que fique bem claro! Sempre temos que seguir a lei. O personagem é incrível! E, as histórias que a gente traz em ‘Justiça’, não só da minha história, levantam o que é justiça?; o que é vingança?. Eu acho que é um tema interessante. Que de uma certa forma me sinto orgulhoso de inaugurar um novo formato. Principalmente na dramaturgia brasileira. Que é uma série, que têm vários protagonistas e cada dia você tem o seu protagonista e sua história. A minha história será exibida todas as quintas. Espero que dê Ibope. Quinta-feira é bom de Ibope? (repórter responde que sim). Me dei bem!”

Você comentou desse lance do cabelo, que o deixa mais velho. Você cansou de ser o ídolo bonitão?

“Eu continuo na academia. Nunca pensei em ser bonitão. Eu sempre penso na saúde. Eu acho muito legal isso. Eu vejo o meu pai, que é super saudável. Eu acho tão bonito como o meu pai está lidando com a chegada dos anos. Eu acho que tem tanto homem grisalho, charmoso, e bonito, que trabalha dentro do perfil e do biótipo dele. E, fora também. Eu não vejo isso não. Eu vejo como um lugar diferente para o meu oficio mesmo. Lugar rico! Então, eu posso retornar e fazer um cara mais jovem, como eu fiz em ‘A Regra do Jogo’. Como eu posso também fazer um cara mais velho. Eu acho que estou em uma posição favorável como ator. Posso jogar um pouco mais para frente e um pouco mais para trás. Eu estou interessado de jogar mais para frente. Personagens que têm uma necessidade dramática que tem mais haver com a idade.”

Você cansou de ser o galã? Cansou de ser refém de um perfil?

“Nunca me senti assim. Fiz personagens tão interessantes nos últimos anos. Dentro da tevê e fora dela. Tenho o meu trabalho como produtor de cinema. Que cada vez mais, entra de uma forma mais forte nos filmes. E, provavelmente a gente deve estar filmando ‘Dom Pedro I’ (além de interpretar o personagem titulo, o artista vai produzir o filme), no segundo semestre do ano que vem. Não vejo o meu oficio preso a isso. É um fator que agrega.”

Interpretar só personagens bonitões incomoda você?

“Não incomoda não. Comigo está tudo certo! A minha filha falando que eu estou bonito, está bom (risos).”

Você consegue se imaginar na situação do personagem? Você faria eutanásia em sua mulher?

“Olha, é tão delicado eu falar em relação a isso. Eu não me imagino. Eu acho tão dolorido o que esse cara passa. Dia desses, eu fui para casa, pensando e me colocando no lugar dele. Eu acho tão difícil o que ele enfrenta. Eu acho que a maior dificuldade do personagem, é não ter mais a pessoa que você mais ama na vida. Né? Você ser culpado por isso. E, essa reação de vingança, que não existe mais motivo de estar vivo, se não for para se vingar. Ele vai tentar se vingar.”

Você é um cara vingativo?

“Não! Não sou mesmo. Pelo contrário, ao passar dos anos você vai se renovando mais. E, entendendo como as coisas acontecem. E olhando cada vez mais, o ponto de vista do outro. Eu acho isso tão bonito. Isso é tão bom. Isso traz paz que quando você é mais jovem você não tem.”

Você acha que as pessoas têm o direito de decidir se vai morrer ou não?

“Eu acho que as pessoas deveriam ter. É minha opinião. Mas, eu sou a favor da lei. Então, a lei diz que não. A lei está ai para ser seguida.”

Sua filha é ciumenta em relação a você?

“Ela puxa a minha mão quando está no Shopping comigo. E, começa a pedir muita coisa (risos).”

Você é a favor da vingança?

“Eu não sou a favor da vingança. Sou a favor da justiça. A gente fica muito triste quando percebe que a justiça não funciona. Eu sou sempre a favor da lei. Deixo isso muito claro. Acho que a gente tem que melhorar a forma que a gente põe a lei em ação.”

Você está apaixonado. Como está o coração?

“Estou muito bem! Muito bem. Obrigado (foge da pergunta).”

Você já passou por algum tipo de injustiça?

“Com toda certeza! Eu acho que todo mundo passa. Acho que ninguém nasce sem passar por algum tipo de injustiça. Mas, acho que tem gente que passa por grandes injustiças. E, é muito triste ver. Principalmente no Brasil. Que é um país com grande diferença social.”

A gente fez uma pergunta para a Marjorie Estiano e ela falou: ‘quem nunca teve vontade de morrer?’. Você já teve vontade de morrer?

“Pesado, hein?! É muito chamada de matéria, né? Eu estou a tempo suficiente no negócio, para saber que não se fala isso. Eu não vou falar nada não. Da minha boca não sai nada não. Eu quero viver agora. Eu lhe garanto!”

As cenas são fortes. Como você faz para esquecer o personagem e chegar em casa leve?

“Quando a minha filha está comigo, é muito mais fácil. Eu lhe garanto!”

A namorada ajuda também?

“Acho que tudo que tira você da ficção lhe ajuda. Com o passar dos anos foi ficando cada vez mais fácil. Mas, posso garantir que teve um dia de filmagem que eu fiquei bem embrulhado. Foi um dia delicado.”

Você emendou um trabalho no outro. Após essa trama, você vai tirar férias?

“Eu tenho a série ‘Dois Irmãos’ para estrear no dia dois de janeiro. A série têm oito capítulos, é dirigida por Luiz Fernando Carvalho e adaptada do romance homônimo de Milton Hatoum. Eu espero que vocês não enjoem da minha cara. Eu gosto muito dessa série (Dois Irmãos). Tenho muito orgulho. Depois disso sim, eu pretendo tirar umas boas férias.”

Você é o pai que você imaginava ser?

“Eu acho que eu amadureci tanto, desde o nascimento de minha filha. Eu me sinto cada vez, melhor pai. Eu acho que sou o pai que eu nem imaginava que poderia ser. Eu não me estou auto elogiando não. Eu sou apaixonado pela paternidade. Eu acho muito especial. Acho que é um sentimento que todo mundo deveria experimentar. Porque me faz melhor ser humano, melhor ator, melhor filho, melhor namorado, melhor amigo, melhor tudo. Pode parecer piegas. Mas, quando você se entrega a paternidade. É um amor que lhe toma lugares imagináveis. Amo a minha filha mais que tudo nessa vida. Ela é muito especial.”

André RomanoENTREVISTA REALIZADA PELO JORNALISTA ANDRÉ ROMANO

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