É de Casa prioriza apresentadores em detrimento da informação

Publicado em 08/08/2015

Um programa que precisa de ajustes, essa é a definição para a estreia do É de Casa, na manhã deste sábado (08), na Globo. Prometido como uma atração inovadora, que mistura jornalismo e entretenimento, no primeiro dia o matutino não mostrou a que veio, com excesso de apresentadores, seis no total, Patrícia Poeta, Cissa Guimarães, Ana Furtado, Zeca Camargo, André Marques e Tiago Leifert, o que se viu foi uma verdadeira “Casa da Mãe Joana” com muita “conversa fiada”.

Por ser estreia vamos dar um desconto, mas é visível a falta de entrosamento entre os apresentadores e o É de Casa acabou virando uma bagunça, com todo mundo falando ao mesmo tempo, se atropelando e muitas vezes perdidos em cena. Outros detalhes que chamaram a atenção foram algumas cortadas entre os apresentadores, um querendo aparecer mais que o outro e contar detalhes da vida particular, que nada acrescentavam às pautas abordadas.

Talvez este seja o maior erro do É de Casa, transformar os apresentadores e não as pautas e participantes convidados, em protagonistas da atração. Boa parte do conteúdo apresentado no programa mostrou experiência e momentos vividos pelos apresentadores, sem utilizar outra pessoa “comum” como fonte. Se essa é a intenção do É de Casa, fazer dos jornalistas personagens estrelas da atração, acredito que é um mal sinal. O apresentador acaba virando a notícia e não o contrário. O assunto, o fato, o acontecimento, que deveria ser o destaque, acaba ficando em segundo plano.

As pautas, bastante variadas, foram ótimas, a maioria interessante e de interesse público, mas pecaram na execução mais uma vez abusando no uso dos próprios apresentadores como experimentadores e relatores dos temas abordados. Nas pautas que utilizaram fontes de fora do programa, ficou perceptível a falta de naturalidade e claro que tudo estava muito combinado, bem diferente do jornalismo factual dos telejornais. Outro ponto que ficou aparente foi a preferência por pautas elitistas, fontes da classe A e nada a ver com o povão.

O momento de mais credibilidade no programa foi exatamente quando utilizaram a nutricionista Andréa Santa Rosa, para falar sobre a “Comida do Futuro”. Dotada de muito conhecimento sobre o assunto, a fonte, uma especialista, deu show de informação e conteúdo. Se o É de Casa partir para esse estilo de abordagem vai dar mais certo do que utilizar os apresentadores como as próprias fontes.

Cissa Guimarães, com sua espontaneidade e bom humor roubou a cena novamente, assim como Patrícia Poeta, que por sua competência e experiência deu um banho nos colegas. Ana Furtado, como sempre, deslocada, sem graça e forçada, comprova que só está na televisão porque é mulher do diretor Boninho. No time masculino ninguém se destacou, Zeca Camargo foi o que se saiu um pouco melhor, mas ainda sim mantém seu estilo piadista na hora errada. Tiago Leifert e André Marques se anularam perto das outras figuras.

Quanto ao cenário do É de Casa, uma residência completa, não há o que falar de ruim, talvez não seja o ambiente mais adequado para um programa, mas não deixa de ser uma experiência interessante. O uso de aparelhos tecnológicos, como tablets acrescenta pouco ao programa. No caso da entrada do correspondente Marcio Gomes, direto do Japão, deixaram de usar a câmera, com imagem boa, para usar um celular com imagem mais ou menos, para que? Para mostrar que utilizam celulares para transmissão? Vai entender!

Se a ideia da Globo era criar um programa atrativo para as manhãs de sábado, sinto muito, mas será difícil colocar as pessoas na frente da televisão para assistirem algo parecido com o que foi ao ar hoje. Se mudanças ocorrerem e com o rodízio de apresentadores nas próximas semanas, pode ser que o É de Casa se torne mais interessante. Do contrário, o SBT vai nadar de braçada exibindo os desenhos no Sábado Animado.

Por falar em audiência, o É de Casa estreou mal e pelas prévias do Ibope esteve várias vezes em terceiro lugar, atrás do SBT e da Record. No real time divulgado as 10h05, por exemplo, o programa aparecia com apenas 4.0 pontos de média, contra 7.0 pontos do SBT e 5.0 da Rede Record, a Band aparecia em quarto com míseros 0,9 décimos.

Nas redes sociais o É de Casa teve grande repercussão, ficou em primeiro lugar no Trending Topics do Twitter. Os comentários eram variados, alguns elogiando, outros criticando, mas a maioria fazendo piada e trollando aa atração.

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